
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
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Prevalência de Casos de Abuso Sexual em Adolescentes Atendidas em Maternidade da Amazônia Ocidental
AUTOR
Karine Graziele Soares Magalhães
CO-AUTORES
Geovana Maria Pessoa Campos, Dyesk Rezende, Daniela Linhares, Maria da Conceição Ribeiro Simões
CONTEÚDO
¹ Residência Médica da Maternidade Municipal Mãe Esperança, Porto Velho – RO. ² Centro Universitário São Lucas – Afya, Porto Velho – RO.
OBJETIVO: O presente estudo, de caráter quantitativo, tem como objetivo geral conhecer a prevalência de violência sexual em adolescentes do sexo feminino, identificar os principais fatores de risco, determinar o percentual de estupros que resultam em gestações indesejadas e quantificar quantas dessas gestações culminam em aborto legal.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal quantitativo, a partir de uma revisão retrospectiva de prontuários físicos de adolescentes (12-18 anos) do sexo feminino, vítimas de abuso sexual, que se dirigiram à uma maternidade rondoniense entre janeiro de 2021 a dezembro de 2023.
RESULTADOS: Durante o período analisado, foram registrados 239 casos de estupros com atendimento no local de estudo, dos quais 55,2% (132) eram adolescentes. Destes, 80% das vítimas tinham até 14 anos, confirmando a idade como fator determinante. A análise dos agressores revelou que em 79,5% (105) dos casos, os abusos foram cometidos por familiares ou pessoas próximas, enquanto apenas 20,5% (27) envolveram desconhecidos. Em relação às consequências do abuso, 28% (37) dos estupros que vitimaram menores resultaram em gestação. Contudo, somente 21,6% (8) optaram pelo aborto legal.
CONCLUSÃO: Nota-se a alta prevalência de violência sexual contra adolescentes na Maternidade Municipal Mãe Esperança, com destaque para a vulnerabilidade das menores de 14 anos. A proximidade com o agressor foi outro fator significativo, evidenciando a predominância de abusos perpetrados por conhecidos. Ademais, a elevada taxa de gestações decorrentes de estupros, associada ao baixo percentual de abortos legais realizados, reflete a complexidade e os desafios que envolvem o acesso aos direitos reprodutivos dessas vítimas.