
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
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Relato de Dois Casos de Hipertrofia Miometrial Difusa Inespecífica em Adolescentes: Diagnóstico e Manejo Clínico
AUTOR
Giovana De Nardo Maffazioli
CO-AUTORES
Mariana Ramalho Ferronato, Eiko Inês Fukazawa, José Maria Soares Junior, Edmund Chada Baracat, José Alcione Macedo Almeida
CONTEÚDO
Afiliação: 1 Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Contexto: A hipertrofia miometrial difusa é uma condição rara, caracterizada pelo aumento difuso do miométrio, sem a presença de nódulos ou neoplasias, podendo ser observada em adolescentes com sangramento uterino anormal. Sua identificação é desafiadora e depende de exames de imagem como ultrassonografia e ressonância magnética. O tratamento geralmente é baseado no controle hormonal do sangramento, visão prevenir complicações como a anemia ferropriva. Relatos como os apresentados aqui contribuem para o entendimento dessa condição e seu manejo clínico.
Descrição dos casos:
Caso 1 - LOB, 12 anos, apresentou quadro de menometrorragia seis meses após a menarca, evoluindo com anemia ferropriva. Na investigação clínica e laboratorial, não apresentava outras comorbidades nem história de epistaxe ou sangramento gengival espontâneos. Negava uso de medicações. Ausência de história familiar de coagulopatias. TSH e coagulograma dentro da normalidade. A ultrassonografia revelou útero difusamente aumentado (volume de 182 cm³) e sem nódulos, sendo confirmado pela ressonância magnética. Inicialmente tratada com acetato de noretisterona 10 mg/dia oral contínuo, sem resposta satisfatória. Foi, então, introduzido análogo agonista do GnRH (11,25 mg) para indução de amenorreia. Após três meses, o volume uterino diminuiu para 178 cm³, e o tratamento foi mantido por um ano. Foi trocado então o tratamento para desogestrel (75 mg/dia) com boa adaptação em seguimento de dois anos de uso.
Caso 2 - JMS, 15 anos apresentou queixa de menorragia desde a menarca aos 11 anos, com duração de 9 a 12 dias, sem sintomas de dor significativa. Paciente sem comorbidades, investigação complementar sem alterações. A ultrassonografia mostrou útero aumentado (volume de 205 cm³), com contornos regulares e sem nódulos. O diagnóstico de hipertrofia miometrial difusa foi feito, e iniciou-se tratamento com noretisterona 10 mg/dia. Após 15 dias, o sangramento cessou, mas a paciente optou por retornar ao seu município natal para continuidade do tratamento, perdendo o seguimento no nosso setor.
Comentários: A hipertrofia miometrial difusa deve ser considerada no diagnóstico diferencial de adolescentes com distúrbios menstruais. Nos casos descritos, o tratamento hormonal foi eficaz para controle do sangramento e preservação da função uterina. Estes relatos ressaltam a importância do diagnóstico precoce e do tratamento individualizado.