A adolescência é uma fase com muitas transformações biológicas, psicológicas e sociais. É o momento de buscar identidade, autonomia, independência, vocação, etc. É um período de maior risco para determinados infortúnios. O início da atividade sexual, muitas vezes sem a orientação adequada, pode ter consequências indesejáveis, como a gravidez não planejada e doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Apesar do acesso a informações e a métodos preventivos distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os adolescentes parecem não estar seguindo as orientações. Em 2010, um estudo realizado no serviço de Ginecologia da Infância e Adolescência da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública mostrou que 20% de meninas com idades entre 14 e 19 anos da Instituição apresentavam alguma DST.
Os estímulos para aguçar a sexualidade estão cada vez mais presentes no dia a dia. São letras de músicas, danças, programas de televisão. Por outro lado, os afazeres cotidianos fazem com que os pais tenham cada vez menos tempo para conversar com os seus filhos, o que prejudica a educação destes. O tema sexualidade fica então a cargo da escola ou dos amigos, quando deveria começar em casa, ser complementada pela escola e por profissionais de saúde capacitados para essa tarefa.
Quanto mais próximos estiverem pais e filhos, menores serão os riscos de informações errôneas, além de sempre ser possível a transmissão de alguma experiência positiva para os mais jovens.
Nas escolas, os programas educativos sobre sexualidade geralmente abordam o tema de forma mais genérica, além de ser insuficiente o espaço para tirar dúvidas. O importante é que as dúvidas sejam sempre esclarecidas, sem moralismo, e se possível, também sob a orientação médica.
A orientação médica deve começar antes mesmo da primeira menstruação. É o momento de falar sobre medidas de higiene e conhecimento do próprio corpo. Ainda na fase da adolescência, o médico deve falar sobre orientação sexual e contraceptiva e isso fortalece a relação com o paciente. A família deve ser incluída na consulta, como colaboradora. Cabe aos pais complementar sempre a relação do médico com o paciente, obviamente entendendo os limites de pudor próprio, assim como respeitando o direito do adolescente de privacidade e confidencialidade na consulta médica.
As doenças sexualmente transmissíveis (DST) representam grave problema de saúde pública pelas repercussões médicas, sociais e econômicas. Os casos de DST vêm aumentando em todo o mundo, fato que preocupa a todos que cuidam da saúde.
As DST são adquiridas, preferencialmente por contato sexual (vaginal, oral ou anal) com alguma pessoa infectada (mesmo não havendo penetração). Antigamente eram chamadas de doenças venéreas. A mãe pode transmitir para o filho ainda no útero e no parto, algumas doenças infecciosas. Embora mais rara, pode haver transmissão por contato com outras fontes contaminadas.
Entre as várias DST, as mais frequentes são: infecção pelo HPV, AIDS, sífilis, gonorreia, hepatite B, clamídia e herpes. Podem ser causadas por bactérias ou vírus e afetam homens e mulheres. Ter uma DST pode aumentar as chances da pessoa se infectar com o HIV (o vírus que causa AIDS).
Como muitas dessas doenças não causam sintomas ou causam discreto desconforto (como corrimento), é comum a pessoa não procurar tratamento nos estágios iniciais, o que pode permitir a evolução da doença para formas crônicas, às vezes graves, que pode acarretar problemas como infertilidade ou câncer gencorrimentoital ou oral.
Algumas DST como a hepatite B e AIDS ainda não têm cura. Nem sempre é possível estabelecer o tempo entre a contaminação e o aparecimento de sintomas, que tanto pode levar semanas como alguns anos.
Como se previnir das DST
A maior parte das DST pode ser prevenida com hábitos simples. A melhor forma de prevenção é o uso de preservativo em todas as relações sexuais. Além disso, manter boa higiene, não compartilhar roupas íntimas, e ter acompanhamento médico especializado reduz o risco de se contrair alguma DST. Evitar o uso de drogas também é uma boa medida, pois a chance de contágio entre os usuários de drogas injetáveis é muito alta, pela contaminação com seringas e agulhas contaminadas com sangue. Mesmo a utilização de drogas não injetáveis como a maconha pode acarretar facilitação das DST, porque a droga causa alterações de comportamento, o que faz com que a pessoa se descuide do uso do preservativo.
Diante da suspeita de DST, exames devem ser realizados para confirmar o diagnóstico e determinar o tratamento adequado.
A atividade sexual precisa ser cercada de muita responsabilidade. Por isso há a necessidade da prática do chamado “sexo seguro”, que consiste no uso de preservativo (camisinha) em todas as relações sexuais, mesmo quando usar pílula anticoncepcional. Para garantir a eficiência desses dois métodos há orientações básicas que devem ser buscadas com profissionais de saúde capacitados para isso. Até mesmo orientações para uso correto do preservativo tem importância na sua eficácia.
Até há poucos anos só tínhamos vacina eficaz contra uma DST, a hepatite B. Hoje já temos vacinas contra o HPV, que os estudos científicos prometem ótima proteção. Esse tema será objeto de futuras comentários aqui neste espaço.
As informações aqui contidas tem finalidade unicamente educativa. Para qualquer situação aconselhamos que busquem a ajuda de um médico, de preferência ginecologista ou urologista.
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